o veneno digital
sua relação com a informação pode estar acabando com você
A gente passa muito tempo olhando pra telas hoje em dia. São quase 7 horas por dias na média.
Sendo que você, se for como eu, que trabalha em frente a um computador, passa quase 12h por dia.
Eu trabalho 8h por dia em frente a um computador e ainda tiro mais 3-4h por dia pra criar conteúdo.
Fora o tempo em que eu to vendo séries, assistindo vídeos no YouTube, aí essa conta vai facilmente pra 15h por dia em frente a telas. Eu praticamente só não to em frente a uma tela quando to dormindo.
Por muito tempo eu tratei o consumo de conteúdo como trabalho. Ainda mais depois que eu resolvi virar criador de conteúdo.
O que eu não entendia é que quando eu consumo conteúdo, eu to pagando para fazer isso.
Pode não ser com dinheiro, mas é com meu tempo e atenção. E esses dois recursos são valiosíssimos, são caros, são dois dos recursos mais preciosos que a gente tem.
E por muito tempo eu consumia 2 tipos de conteúdo:
entretenimento
educativo
E eu achava que um era melhor que o outro, que o educativo, pela natureza, era mais importante pra mim (e eu não tava de todo errado nisso).
Mas eu nunca havia me feito a seguinte pergunta:
Como o seu consumo de conteúdo está ajudando você a se concentrar nas informações mais importantes da sua vida?
o paradoxo da escolha
Talvez uma parte disso seja porque eu consumia até mesmo o conteúdo educativo como entretenimento. E, veja, não tem nada de errado nisso.
Mas no íntimo eu sabia: eu queria mais do que me entreter com aquele vídeo.
E eu escutava dentro de mim meus pensamentos:
você não escolheu esse vídeo porque supostamente ia ter fazer ficar mais inteligente, mais saudável, mais produtivo ou mais rico?
não teve alguém que prometeu uma vida melhor se você só aplicasse o passo a passo que ela ia ensinar?
Hoje em dia a gente tem acesso a um conhecimento quase inesgotável. Qualquer resposta pra qualquer pergunta que qualquer pessoa possa pensar em fazer, a gente tem como encontrar respostas.
A gente consegue aprender qualquer coisa na internet hoje em dia, seja a criar automações, treinos físicos, marcenaria, qualquer coisa, ainda mais usando esse aparelho que a gente chama de celular.
Mas a verdade é que, na prática, a gente não consegue.
Se você já tá na internet há um tempo, você já percebeu que:
ACESSO À INFORMAÇÃO NÃO FAZ DIFERENÇA MAIS.
Na verdade, consumir mais informação só aumenta a dificuldade de escolher.
É o Paradoxo da Escolha.
No mundo atual, a liberdade de escolha é considerada um dos valores mais altos, esse paradoxo confronta a ideia de que mais opções automaticamente trazem mais felicidade.
O ponto central desse paradoxo é a seguinte: quando a gente é constantemente bombardeado com inúmeras escolhas — de produtos a estilos de vida —, a responsabilidade de tomar a "melhor decisão" recai inteiramente sobre nós.
Isso pode gerar uma carga cognitiva e emocional significativa, uma pressão grande, porque as opções parecem ilimitadas, o que amplifica o medo de arrependimento e a sensação de perda.
A cada escolha feita, há a percepção de que muitas outras oportunidades foram deixadas para trás. É o FOMO - Fear Of Missing Out. Eu falo um pouco disso no Método de Leitura de Máxima Eficiência e no Consumo Consciente.
(vou deixar o link no final do texto)
Barry Schwartz divide as pessoas em dois tipos principais:
"maximizadores" - os maximizadores tendem a buscar a melhor opção possível em todas as situações, o que frequentemente os leva a uma análise exaustiva e a uma dificuldade maior em se satisfazer com a decisão final. Eles ficam presos no processo de ponderação, comparando todas as alternativas e, muitas vezes, acabam insatisfeitos, mesmo quando fazem uma boa escolha.
"satisfazedores" - já os satisfazedores, por outro lado, se contentam com opções que atendem seus critérios básicos, sem exigir a "perfeição". Eles conseguem tomar decisões mais rapidamente e com menos estresse.
Um dos grandes dilemas levantados pelo Paradoxo da Escolha é a relação entre liberdade e felicidade. O aumento das opções, ao invés de trazer a sensação de autonomia e realização, pode promover um sentimento de aprisionamento mental.
A sociedade moderna nos empurra para a ideia de que precisamos otimizar cada aspecto da vida, desde a carreira até a escolha de um simples lanche. No entanto, a obsessão nessa busca incessante pelo "melhor" frequentemente leva à insatisfação crônica.
Além disso, as redes sociais e o marketing digital amplificam muito esse paradoxo. Elas reforçam a ilusão de que há sempre algo melhor ou mais desejável logo à frente.
A comparação constante com as escolhas de outras pessoas gera uma ansiedade social que destroi nossa capacidade de desfrutar das nossas próprias escolhas. Em vez de vivermos no presente, a gente é atraído por uma eterna projeção de alternativas hipotéticas, muitas vezes inalcançáveis.
Entender o Paradoxo da Escolha me leva a reconsiderar o que realmente significa ter liberdade e como eu posso viver de um jeito mais satisfatório em um mundo com tantas opções.
Aprender a abraçar a simplicidade, definir limites claros e focar no que realmente importa para nós pode ser um antídoto contra essa armadilha moderna. Mais do que nunca, a capacidade de escolher com clareza, e não simplesmente escolher mais, torna-se uma habilidade inegociável pra estar bem mental e emocionalmente.
Ter mais acesso à informação só traz mais dificuldade em tomar qualquer decisões, porque as opções são muitas.
Pra mim, só a ideia de ter que escolher UM em 1 milhão já me atormentava, porque me dava a sensação de que eu precisava escolher o melhor e nada menos que o melhor vai ser satisfatório (é a mesma lógica que te faz ficar 3 horas navegando pelo catálogo do streaming sem escolher o que assistir de fato).
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Te vejo na semana que vem.
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