o anti-herói (ou vilão) silencioso da mente
como o FOMO pode moldar nossas escolhas e também nos limitar
FOMO (medo de ficar de fora) tem duas faces.
uma te empurra para viver.
uma te arrasta para baixo apesar do seu esforço para sobreviver.
O FOMO provavelmente é o primeiro inimigo da infância.
O pior pesadelo de qualquer criança é ser a ovelha negra, ver todos os amigos, parentes brincando, se divertindo e ela sozinha e negligenciada.
Existe uma dor sufocante no isolamento que é pior do que qualquer outra.
Eu sei disso porque eu era um desastre social quando criança, tanto que até hoje ainda conserto a bagunça que esse passado causou.
A tristeza é compreensível, mas pode se tornar literalmente letal se você perder o controle.
E isso se deve à dura verdade de que:
Nós gostamos de sentir pena de nós mesmos.
Rola um certo conforto em ser a vítima, o oprimido, o injustiçado pela sociedade. Nesse caso, o solitário.
Talvez sua mente esteja carente da simpatia do mundo, então ela produz a sua própria simpatia pra fazer você se sentir melhor.
Mas por melhor que seja a autopiedade, ela ainda mantém você cativo. Na pior das hipóteses, sua infância passa voando como um borrão na janela de um trem.
Ou, à medida que você envelhece, você passa a se sentir como um espectador passivo da sua própria vida, ou uma peça de fundo, coadjuvante, não muito diferente de uma planta em vaso ou de um pombo que é enxotado por toda a cidade.
Aqui o FOMO aparece como um anti-herói.
Anti-herói é um termo literário e cinematográfico que se refere a um personagem que não possui as características tradicionais de um herói:
não é movido por sentimentos como compaixão e respeito à lei
pode praticar atos moralmente questionáveis
não é inerentemente mau
pode ser o protagonista ou uma força antagônica
pode ser o ponto focal de um conflito
pode ter objetivos justos ou compreensíveis
pode ser complexo, cheio de dúvidas e imperfeito
Sabendo disso, nesse ponto o FOMO estende a mão para ajudar.
o lado bom
A gente costuma atribuir o sentido ruim a ele, mas se isso te impulsiona a criar algumas memórias, então eu vejo com bons olhos.
Tipo aquele dia em que você quase desistiu de ir ao show porque achou que estaria cansado ou que não valeria a pena. Mas você foi, porque não quis ficar de fora.
E depois, de algum jeito, parecia que as músicas tinham sido escritas pra você. E agora, toda vez que toca aquela música, você lembra daquele momento.
Eu costumo dizer que as melhores coisas da minha vida aconteceram em eventos para os quais eu não queria ir, mas fui porque não queria ficar de fora.
Isso é especialmente verdadeiro se a ideia de uma boa noite fora de casa for mais do que apenas ficar bêbado até cair na balada. Talvez seja ver um pôr do sol com amigos, rir de coisas bobas e voltar pra casa com histórias pra contar.
Esse é o lado bom, mas você não vai poder me acusar de só falar de flores.
o lado ruim
A verdade é que o FOMO também não é amigo.
Metade do tempo, ele aponta uma faca pra você, te ameaçando.
Isso te enche de medo da inadequação — de que você não está fazendo o suficiente, de que poderia estar fazendo mais, independentemente da realidade daquilo.
Às vezes você tá sim fazendo o suficiente, tudo o que podia e mesmo assim, por causa dele você fica se culpando não estar fazendo mais.
Isso fica ainda pior quando você, em 10 minutos vendo reels, se depara com N habilidades diferentes e você quer fazer todas elas, você quer fazer a edição do momento, a trend da vez, o tipo de conteúdo que tá engajando mais.
Eu falo um pouco disso em no texto sobre Como Gerenciar Múltiplos Interesses, abra aí em outra aba pra ler depois:
Por exemplo, eu posso ver um vídeo sobre como fazer sabonete caseiro e penso “po, que legal, quero aprender isso”.
2 minutos depois eu vejo um reels sobre desenho à mão e penso “seria ótimo saber desenhar à mão”.
Mais 2 minutos e eu vejo um novo tipo de edição pra um vídeo e penso “preciso saber fazer isso e me atualizar”.
O problema é que, em 10 minutos, eu fui exposto ao resultados de décadas de esforço, prática, experiência em 15 hobbies diferentes.
E é muito fácil cair no erro de achar que o que eu to fazendo não é suficiente.
Que eu deveria estar fazendo tudo o que eu estou vendo no Instagram.
E você vê esses gurus de produtividade falando que você não tá fazendo o suficiente, que precisa fazer sempre mais.
Só que isso é totalmente irracional.
Porque basicamente eles está mentindo pra você.
E essas mentiras, eu te conto na newsletter da semana que vem.
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Te vejo na semana que vem.
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