Já escrevi textos 100% com IA.
E já escrevi 100% sem.
Hoje, eu faço uns 80% de cada texto.
E acho que entendi qual é o verdadeiro problema dos textos gerados por inteligência artificial.
Mas veja, não é a qualidade do texto que é o problema. Dá sim pra fazer textos excelentes só com IA.
(quem diz que texto com IA é ruim é porque só pegou texto de quem não sabe usar, que só usa aquele prompt safado "gere um texto sobre produtividade" e acha que é suficiente).
Tem sim gente escrevendo textos excelentes com IA. E minha abordagem hoje não é sobre quem lê, esse tá tranquilo e pode receber ouro nas mãos às vezes.
E aqui outro parêntese:
Quando eu digo “só” com IA é uma meia verdade. Porque um bom texto gerado por IA precisa ter adicionado contexto, informações, nuances, direcionamento, personalidade e aí eu entendo que por mais que o texto seja gerado artificialmente, ele tem partes importantes de você.
Mas isso eu deixo pra outra publicação.
Mas voltemos ao problema. E são 3:
Você não constrói pensamento. Sem atrito, sem escrever com as próprias mãos, sua mente não assimila.
Você não sente conexão. E se não sente, não quer revisar, nem melhorar. Perde a chance de evoluir com o texto.
Você terceiriza a criação. Parece que ganhou tempo, mas perdeu o que mais importa: qualidade de presença no processo criativo.
O problema pra mim tá relacionado a quem escreve e os efeitos disso ao longo do tempo na mente criativa. O problema de escrever textos completos gerados por IA é que você não tem relação com as palavras escritas.
Não é que você gosta ou desgosta.
É que você simplesmente não se importa com elas.
Não tem conexão emocional, espiritual, nem intelectual com elas.
É um só um pedaço de texto que apareceu na sua frente e que é facilmente esquecível por você.
"E precisa ter?" Sim.
A motivação humana se baseia no cuidado a algo. Se você tem algo que você não se importa, aquilo é irrelevante pra você.
Se você não se importa com o seu texto o suficiente pra escrevê-lo, é porque ele é irrelevante pra você.
E se você não importa com um pedaço de texto, não tem como você construir sobre ele, nem mesmo ter motivação pra criticá-lo ou defendê-lo.
A verdade é: se você não teve esforço nenhum pra escrever aquilo, por que esperaria que alguém tivesse esforço pra ler?
Porque simplesmente você não se importa com ele.
E nosso cérebro entende isso.
Ele joga na lixeira de itens não-utilizados.
Ou seja, ele sai da sua mente tão rápido quanto entrou. Você não vai lembrar dele e ele tampouco vai ser incorporado ao seu pensamento. E pra a nossa mente agarrar um pensamento a ponto de incorporá-lo a si mesma, ela precisa de atrito.
E um texto completamente gerado por IA não tem atrito na sua mente.
Só que aí você vai argumentar que de alguma forma você se sente apegado a alguns textos que você fez 100% com IA.
E sim, eu sei que é verdade.
Só que isso acaba acontecendo porque algo caro foi sacrificado — o processo criativo.
Parece algo bom, parece que você ganhou tempo, mas na prática, é danoso demais porque você ganhou tempo cronológico, apenas, em troca de tempo de qualidade pra maturar e as ideias enraizarem, em troca de atenção, foco, criatividade...
É um buraco negro na sua mente, sugando tudo se valor que é produzido com uma escrita dedicada e você ainda fica se convencendo de que um dia vai ser útil. Mas lamento, não vai.
É só um empilhado de palavras sem importância.
Nem quem escreveu se importa, imagina quem tá lendo...
É só com a IA que acontece isso? Não.
Quando você só copia um texto de alguém sem colocar sua visão ali, sem expandir, sem usar suas próprias palavras, você também está entrando no mesmo buraco negro.
Escreva ideias. Anote frases. Registre pensamentos soltos. Anote aprendizados. Anote dúvidas. Anote insights. Faça conexões. Escreva processos. Documente soluções. Junte as partes e expanda no seu texto.
E aí pode usar IA pra ajudar num título aqui, num gancho ali, na melhora de uma frase acolá — em pequenas partes onde você não conseguiu dar a atenção e colocar a mente ativa necessária pra sair algo importante pra você.
A escrita não serve só pra publicar. Ela serve pra pensar melhor.
E pensar melhor é o que transforma seu conteúdo em algo memorável — pra você e pra quem lê.
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Excelente reflexão!
Penso bastante sobre esse atrito que você falou. É o que de fato faz com que a construção da escrita, de um ponto de vista, de um produto (ou do que quer que seja) seja realmente "nosso".