A criatividade é a ferramenta mais poderosa que os humanos têm acesso.
Frequentemente eu vejo formas de pensar que associam a criatividade é algo que existe no dentro das pessoas, como se fosse uma energia ou uma inspiração divina que alguns tem e outros não.
Com ela nós podemos resolver problemas, desenvolver produtos, serviços e processos que transformam a sociedade.
Com a criatividade a gente também consegue se expressar artisticamente.
Essas são apenas algumas maneiras de aproveitar a criatividade, mas as possibilidades são infinitas.
Só que a maioria das pessoas não aproveita o potencial que tem de ser criativo... e é por isso que elas falham.
Imagine um estudante chamado Miguel.
Ele está cursando o 3º período de Design na universidade e ele tem uma tarefa: criar uma arte pra uma postagem no Instagram profissional de um amigo.
Miguel começa sua jornada criativa com empolgação. Ele pesquisa sobre o trabalho do seu amigo, vê referências no mesmo nicho e começa a esboçar algumas ideias iniciais de postagem.
Só que aqui Miguel se sente um pouco travado.
Ele se lembra das palavras do professor falando da importância de seguir certas diretrizes do design como garantir que a arte deseja simples, legível, persuasiva e que represente a identidade da empresa do amigo.
E por um lado Miguel reconhece a importância dessas diretrizes.
Mas por outro lado ele sente que elas também estão limitando sua criatividade.
Ele tenta experimentar, ousar, arriscar e explorar novas ideias.
Mas ele também se sente travado por não ter um norte, uma diretriz.
Esse é o Paradoxo do Criativo.
O paradoxo da criatividade é uma ideia que sugere que a criatividade pode ser tanto facilitada quanto inibida por fatores específicos.
É a coexistência de dois aspectos contraditórios:
a necessidade de estrutura e limitações para promover a criatividade e, ao mesmo tempo;
a necessidade de liberdade e flexibilidade para permitir a expressão criativa.
E todo mundo que um dia teve que criar algo já passou por isso.
Eu sou arquiteto e trabalho com isso todos os dias, preciso seguir leis municipais, códigos de uso e ocupação do solo, modulação de pilares pra encaixar minha arquitetura numa estrutura convencional, limites do formato do terreno, aspectos climáticos, topográficos e por aí vai.
E no meio disso tudo existem métodos de projeto que eu posso seguir.
Às vezes eu me sinto travado seguindo um método.
Mas se eu tento sair disso e ser inventivo sem um método, eu também me sinto travado.
Estou preso num paradoxo.
Mas como sair disso? Como as pessoas criam coisas tão incríveis mesmo ficando presas em paradoxos como esse frequentemente?
Eu tenho uma pergunta pra você: Você se acha criativo?
Quando a gente é criança a nossa imaginação nos leva a lugares incríveis.
Steve Jobs diz que a criatividade vem mais fácil quando você não tem bagagem, que é o caso de uma criança.
O que ele quer dizer com isso?
Quando a gente é criança, a nossa cabeça é um mundo em descoberta, é um quadro em branco.
Não temos muitos traumas e experiências ainda.
Mas o sistema de ensino poda a criatividade que poderia surgir dessa imaginação, impondo regras quase nunca objetivas e intencionais direcionadas à criação.
Por exemplo, ao fazer um desenho de uma casa, a criança pode colocar o céu vermelho.
Ela sabe que o céu é azul, ela vê. Uma nunca viu um céu vermelho.
E mesmo assim ela escolhe usar um céu vermelho.
Por que? Criatividade fruto da sua imaginação.
Muita gente acha que consegue ser criativo porque tem a imaginação fértil, como uma criança.
Ou que, por ser espontâneo, é criativo.
Mas eu preciso dizer que não é bem assim.
O meu e o seu cérebro sabe que o processo de criar algo, de pensar em algo novo, não é um caminho divertido ou que flui naturalmente.
Ou seja, exige disciplina.
Em “A Ciência das Grandes Ideias - Como Treinar Seu Cérebro Criativo” (artigo da Fast Company) são necessárias 3 áreas para o pensamento criativo:
rede de controle de atenção
É ela que nos ajuda a focar em uma tarefa específica.
É o que a gente usa quando precisa se concentrar em problemas complexos ou destinar o foco da nossa atenção para, por exemplo, ler, estudar e ouvir uma palestra
rede de imaginação
Como o próprio nome sugere, é usada imaginar.
Imaginar o que?
Ela nos ajuda a construir imagens na nossa mente e serve pra relembrar experiências do passado e conjecturar coisas do futuro.
rede de flexibilidade de atenção
Serve pra monitorar o que está acontecendo ao redor da gente.
É o exato oposto da rede de imaginação.
É o que te traz pra a realidade e não te deixa ficar só no campo da imaginação.
Portanto, é possível treinar o cérebro pra ser criativo sempre que você quiser.
Mas o grande problema, que é onde a maioria das pessoas toma caminhos errados, é na essência, na definição.
É na pergunta básica: O que é criatividade?
E é isso que eu vou te contar na parte 2, na próxima Newsletter.
Até semana que vem.
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